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Os momentos icônicos de Alexander McQueen: O legado de um gênio da moda

15/01/2025

Alexander McQueen é, sem dúvida, um dos estilistas mais revolucionários e ousados da história da moda. Sua carreira, marcada por criações de tirar o fôlego e desfiles teatrais que desafiavam as convenções da indústria, transformou a moda em uma forma de expressão artística profundamente emocional. McQueen não era apenas um designer – ele era um contador de histórias que, por meio de suas coleções, explorava temas como identidade, política, morte, natureza e a condição humana, sempre provocando reflexões profundas.

Desde sua estreia nas passarelas até o momento trágico de sua morte em 2010, McQueen construiu um legado de inovação e excelência. Suas coleções desafiavam não apenas os limites da costura, mas também da própria percepção do que a moda poderia representar. Combinando alta-costura, arte, tecnologia e questões sociais, ele desconstruía os padrões da indústria.

Nos desfiles de McQueen, a moda se transformava em uma experiência sensorial, um espetáculo que ia muito além do simples ato de mostrar roupas. Ele sabia como emocionar, chocar, inspirar e, principalmente, nos fazer pensar. Suas criações se tornaram verdadeiros ícones, e momentos de suas apresentações permaneceram gravados na memória coletiva do mundo fashion.

A Coleção "Highland Rape" - Outono/Inverno 1995 

Um dos momentos mais controversos de sua carreira, a coleção "Highland Rape" gerou discussões intensas devido ao seu simbolismo. McQueen usou o conceito de "violação" (rape) para falar sobre a opressão e a violência histórica sofrida pela Escócia, abordando temas de feminismo e a complexidade da relação entre poder e vulnerabilidade. O desfile ficou famoso pela violência estética das roupas, com modelos usando vestidos rasgados, maquiagens borradas e cabelos despenteados, tudo isso criando uma reflexão sobre o sofrimento e resistência feminina. 

"Dante" - Outono/Inverno 1996: Uma viagem pelo inferno

A coleção de outono/inverno de 1996 de Alexander McQueen, intitulada "Dante", é um dos momentos mais memoráveis e marcantes de sua carreira. Ela apresentou um dos maiores exemplos de como o estilista combinava arte, literatura, filosofia e política, criando uma narrativa visual poderosa e desafiadora. Esse desfile em particular não apenas chocou, mas também encantou o mundo da moda pela sua profundidade conceitual e pela maneira em que McQueen utilizou a passarela para explorar temas sombrios e filosóficos.

A coleção foi inspirada no épico "Divina Comédia", de Dante Alighieri, e a ideia central era retratar uma viagem pela jornada do inferno, com os modelos representando almas condenadas. As referências ao "Inferno" de Dante estavam presentes em todos os aspectos do desfile, desde o próprio cenário, até as roupas, que foram pensadas para expressar o sofrimento e a angústia. 

The Doll" - Primavera/Verão 1997: Crítica à Perfeição Imposta

O desfile de Primavera/Verão de 1997 de Alexander McQueen, intitulado "The Doll", é outro momento inesquecível em sua carreira, marcado por um conceito altamente provocador e emocionalmente carregado. Essa coleção foi um exemplo perfeito de como McQueen usava a passarela não apenas para exibir roupas, mas para contar uma história poderosa, desafiando convenções e refletindo sobre temas sombrios da sociedade.

A coleção foi inspirada em várias referências, incluindo a figura das bonecas e a fragilidade que elas representam. McQueen usou esse simbolismo para explorar temas como a feminilidade, a manipulação e o controle, fazendo uma crítica ao ideal de perfeição imposto pela sociedade. O desfile foi uma verdadeira performance, em que modelos com figurinos de bonecas, com vestidos volumosos e cabelos alisados, deram vida a uma interpretação perturbadora do que significaria ser uma "boneca".

"Golden Shower" - Primavera/Verão 1998: O Luxo Irônico 

O desfile de Primavera/Verão de 1998 de Alexander McQueen, originalmente intitulado "Golden Shower", foi uma das coleções mais polêmicas e provocativas de sua carreira. Com um nome controverso, McQueen usou a estética barroca e o luxo excessivo para criticar o consumismo e a opulência da sociedade. Os detalhes exuberantes foram misturados com uma sensação de desconforto e estranheza, refletindo sua abordagem única da moda como uma forma de arte que não se limita ao belo, mas também ao questionamento.

Joana d'Arc - Outono/Inverno 1998: A Força e a Fragilidade 

O desfile de Outono/Inverno de 1998 de Alexander McQueen, inspirado em Joana d'Arc, foi uma das coleções mais dramáticas e carregadas de significado de sua carreira. McQueen utilizou a figura histórica da santa e guerreira francesa para explorar temas de poder, feminilidade e sacrifício, criando uma narrativa visual intensa e emocional.

A coleção contou com roupas que evocavam a armadura medieval de Joana d'Arc, com peças que misturavam elementos de vestuário militar e toques de alta-costura. Os modelos desfilavam com cabelos curtos e maquiagens dramáticas, trazendo à tona a figura de uma mulher forte e determinada, mas também vulnerável. 

Primavera/Verão 1999: Shalom Harlow Pintada por Robôs 

O desfile de Primavera/Verão de 1999 de Alexander McQueen é lembrado como um dos momentos mais inovadores e surpreendentes da história da moda, especialmente pelo icônico final, em que a modelo Shalom Harlow foi pintada com spray por dois robôs, criando uma cena de performance única e artística. Esse momento não só quebrou barreiras na moda, como também trouxe questões sobre a relação entre o ser humano e a tecnologia, além de destacar a visão de McQueen sobre o futuro da moda. 

"Voss" - Primavera/Verão 2001: O Sofrimento e a Alienação

A coleção de Primavera/Verão de 2001 de Alexander McQueen, intitulada "Voss", é um dos desfiles mais impactantes e inovadores da sua carreira. O nome, inspirado na palavra "vós" e na ideia de "vosso", traz à tona a ideia de controle e sofrimento, elementos centrais na narrativa da coleção. McQueen utilizou a passarela como um espaço performático para explorar temas como o sofrimento humano, a alienação e a beleza na dor.

O desfile aconteceu em um cenário fechado, em que a modelo apareceu em uma caixa de vidro, simbolizando confinamento e vulnerabilidade. Durante o desfile, a caixa foi quebrada, revelando a modelo em uma postura de agonia e sofrimento, com um visual que evocava um estado quase de desespero. 

Outono/Inverno 2001: O Carrossel de McQueen 

A coleção de Outono/Inverno de 2001 de Alexander McQueen, com o tema de carrossel, foi uma das mais teatrais e visualmente impactantes de sua carreira. McQueen transformou a passarela em um espaço mágico e sombrio, onde o conceito de diversão e fantasia foi subvertido por uma atmosfera de opressão e decadência, refletindo seu estilo único de provocar o público com elementos de beleza e desconforto ao mesmo tempo.

O desfile teve como destaque um carrossel de cavalos mecânicos, que girava lentamente enquanto os modelos desfilavam ao redor. A ideia de diversão e nostalgia que o carrossel remeteu foi contrastada por roupas pesadas, cores escuras e a sensação de confinamento e inquietação. As modelos usavam vestidos volumosos, com elementos de espartilho, luvas longas e adereços que remetiam a uma estética vitoriana sombria, criando uma mistura de inocência e perversão.

"It's Only a Game" - Verão 2005: Reflexão sobre o jogo da vida

A coleção "It's Only a Game", apresentada por Alexander McQueen para Verão 2005, é uma das mais provocativas da sua carreira, destacando-se pela fusão de temas lúdicos e sombrios. O desfile foi uma verdadeira reflexão sobre o conceito de "jogo", abordando a fragilidade e a transitoriedade da vida, assim como a manipulação e as regras de poder que governam a sociedade.

A passarela foi transformada em um espaço onde os modelos, vestidos com peças dramáticas, se moveram de forma quase mecânica, como se estivessem participando de um jogo de tabuleiro ou de uma partida de xadrez. McQueen utilizou elementos de roupas que remetiam à uniformes de jogos, com figuras de soldados e peças de xadrez estilizadas. 

"Horn of Plenty" - Outono/Inverno 2009: Crítica ao Consumismo 

A coleção "Horn of Plenty" de Outono/Inverno 2009 de Alexander McQueen foi uma das mais icônicas e carregadas de simbolismo da sua carreira, celebrando tanto a arte da moda quanto a crítica à superficialidade da indústria. O desfile, que aconteceu em meio a um cenário que remeteu a uma espécie de "lixão de luxo", foi uma combinação de opulência e decadência, refletindo a busca incessante pelo excessivo e o desperdício na sociedade contemporânea.

O nome "Horn of Plenty"  faz referência ao símbolo da abundância, mas McQueen usou essa ideia para subverter a noção de prosperidade, criando uma coleção que transbordava tanto luxo quanto uma reflexão crítica sobre o consumo desenfreado. O cenário era uma mistura de lixo e objetos de luxo, como casacos de pele e vestidos de alta-costura, dispostos de forma caótica, como uma crítica à indústria da moda e à excessiva busca por tendências e consumo.